sábado, 7 de abril de 2012

O CLIENTE NUNCA MAIS TERÁ RAZÃO


O cara tem cabelo grisalho, é amigo do meu chefe, é sócio de uma empresa não me lembro do que. Quando ele não está com uma roupa social, está com uma roupa esportiva ou no estilo ''jovial''. Da ultima vez estava com uma camiseta com estampa de motocicleta...
 Estou descrevendo esse imbecil porque, além de ele ter me tirado do sério hoje, um amigo/colega meu, com esposa e filho de 5 meses foi demitido essa semana por causa desse merda, e também porque ... EU ACABEI DE MATAR O DESGRAÇADO!
Eu trabalho(ou trabalhava) em um cartório e atendo(ou atendia) todo tipo de gente: de almofadinhas, advogados e empresários até motoboys, office boys, gente humilde, etc.
Nesse lugar, a velha política do ''cliente sempre tem razão'' é seguida tooooootalmente a risca, pois, sempre que o cliente reclama, o funcionário que o atendeu toma no cú, independentemente se foi frescura do freguês ou engano do mesmo, o funcionário sempre se fode! simplesmente porque a chefia como um todo não quer se incomodar com nada e, na dúvida, cortam o problema(que para eles se resume ao empregado) pela raíz sem pensar duas vezes. Nesse lugar há uma rotatividade muito grande de pessoal por conta dessa ignorância e comodismo dos grandões que ali reinam.
Eu não posso ser mandado embora, tenho muita conta pra pagar, vixi... nem entrarei em detalhes quanto a essa caralhada de despesas porque é o menor dos meus problemas agora.
Já aguentei, para não ser despedido, muita véinha de cara feia por eu não ter como dar desconto em alguma coisa, mas esse cara foi a gota d´agua para mim. Eu estava no caixa , e o negócio funciona assim: o balconista que atende o cliente faz todo o serviço e o lança no sistema, cadastrando todos os dados na senha da pessoa que, por fim, chega até mim com essa senha que eu abro no meu computador, vejo o valor da compra, falo esse valor em voz alta, recebo o pagamento e já dou a baixa. Foi nesse procedimento de lançar os dados que uma colega cobrou acidentalmente algum ítem a mais na senha dele que fez sua compra sair um pouco mais cara. Eu digitei essa senha no meu computador e fiquei esperando essa merda de sistema carregar (como todo equipamento que parece movido à manivela) enquanto o idiota fazia aquela cara nojenta que só rico impaciente tem. A merda carregou, eu falei o preço, ele ratiou, me questionou, exigiu que eu alterasse o preço no sistema, alegando que pedia sempre o mesmo tipo de serviço e não era aquele preço. Atendendo o desejo dessa peste, fui confirmar com a menina que o atendeu se era isso mesmo e aí ele ficou puto, começou a falar sem parar, ''...BLA BLA BLA BLA BLA...QUÉ QUE EU BATA OS COMANDO PRA VOCE AÍÍ? QUEEEEE INCOMPETEEEEENCIA, APRENDE A TRABALHÁ!! EU POSSO ARRANJAR UM PROBLEMÃO PRA VOCÊ AQUI DENTRO RAPAIZ, SABIA DISSO ??... BLA BLA BLA BLA....''. Nem lembro direito como a coisa se resolveu, mas uma hora o chilique acabou, eu, bobo, aguentei, engoli cada merda que saía da boca do filhodaputa, ele foi embora e outros clientes ficaram falando coisas do tipo:''liga nããão, o cara deve ta sem muiéé...'' '' home babaca, eu dava um soco na boca...''. A tarde foi passando, o ódio pesando, cheguei a pesquisar no banco de dados dos clientes o endereço do desgraçado e memorizá-lo, mesmo sabendo que nao teria coragem ou disposição pra ir atrás do canalha, então, nesse ritmo, cliente vai... cliente vem... ódio aqui... raiva ali... a tarde foi passando, a harmonia... voltando :D !!, brincadeiras e piadas entre colegas rolando... até que o ódio posso dizer que passou.
Era umas 21:30, eu, mão aberta como sempre, estava no centro da cidade saindo de um bar de playboy onde tava bebendo chopp com uns camaradas, cada um indo pra um canto -todo mundo tem carro menos eu e ninguém mora pros meus lados(oooo azar!)- só o que eu tinha a fazer era caminhar preguiçosamente até o terminal. Foi então que eu bati o olho pra dentro de um restaurante e quem que eu vejo lá numa mesa?? ESSE MESMO CLIENTE QUERIDO que me enchera o saco umas 7 horas atrás, jantando com uma mulher! nesse mesmo instante, subitamente eu esbarrei numa mãe de mãos dadas com seu filhinho que devia ter uns 5 anos e na tentativa rápida de desviar, eu dei uma joelhada forte na cara do moleque!! minha nossa, foi uma sessão de xingamentos dessa mãe e de desculpas pedidas por mim... após isso, fiquei praguejando sozinho e, como que num passe de mágica, toda aquela raiva e o stress acumulados da tarde voltaram com força total. Parei de me culpar pelo moleque, agora eu estava disposto a canalizar todos os meus sentimentos ruins em outra pessoa, HE HE HE!
Eu tinha decorado o endereço do infeliz, como já falei, e chamei um táxi pra me levar até lá. Gastei o que não podia com essa corrida, mas dinheiro pouco importava nessas horas, era honra e paz de espírito que estavam em jogo naquela hora. Esperei o vagabundo na frente de sua casa, por sorte a rua era deserta e a vizinhança era silenciosa, devia ser repleta de velho. Cerca de duas horas depois o lazarento voltou de sua jantinha. Eu já estava preparado escondido com uma pedra grande e pesada na mão que achei perto de sua casa. Foi ele parar com seu Astra na frente do portão elétrico que começára a abrir(otário: acionou a abertura do portão muito tarde! hahaha) que eu ataquei essa pedrona com tudo encima de sua cara, atravessando o vidro lateral do carro com muuuita força, inclusive me machuquei um pouco com isso, até achei que ele tivesse morrido na hora com a pancada. Sua acompanhante abriu a porta do carro em pânico e saiu correndo gritando pela rua, eu não planejava machucar ninguém a não ser ele e nem precisei, deixei ela ir, não me deu problema. Coloquei corpo do cara para o lado e saí com seu carro de perto daquele local, porque naquela hora alguém ja devia estar chamando a polícia ... na verdade não sei nem como que não levei geral até aquele momento, bairro de rico sempre é bem guardadinho ... Andei no gááááás com esse chevrolet do caralho e parei numa espécie de bosque. Verifiquei o estado do nosso amiguinho. Estava respirando mas parecia que não ia durar muito tempo, então o arrastei logo para a frente do carro, dei uma ré, tomando cuidado para não bater em alguma árvore, e parei depois de andar acho que uns 200 metros... Não tenho certeza qual distancia que me afastei do corpo, só sei dizer que foi distancia o suficiente para por a primeirona, a segundooona, a terceeeeeeiiraaaaa e paaaaaaau, LOMBADA HUMANA!!!!!!!! Desliguei o motor, peguei o meu notebook e comecei a escrever esse texto que você lê. Foi assim o meu dia. Deu tempo de registrar tudo aqui e a polícia ainda nem apareceu...
Sou o tipo de homem que nunca levou desaforo para casa até trabalhar nesse cartório, por isso, a idéia de ser maltratado por um cliente que deve limpar a bunda com algodão sem poder me defender por necessitar desgraçadamente do emprego me causa um profundo desgosto e tem gente que morre de desgosto depois de um tempo trabalhando só pra levar porrada. Eu morreria de desgosto também se continuasse assim, portanto, o fato de eu matar esse cara, não foi nada mais do que LEGÍTIMA DEFESA.


Paranóia? Bom, tudo bem eu ser classificado como paranóico, pois acredito que boa parte dos sentimentos de paranóia são na verdade sede de paz. Sede de uma paz que não existe no mundo real.






                                                                                                                                                                                                  The Good.

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