sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nina

Sentar nesse sofá de couro e fumar um cigarro ao som de um disco velho da Nina Simone é uma das melhores sensações do mundo. Este quarto quase escuro iluminado apenas pelas luzes da rua é perfeito para pensar e analisar os detalhes do que acabei de fazer. Aquele velho pederasta nunca mais irá salvar alguém.
Sempre soube que era uma assassina, mas um falso senso moral me impedia de cometer um crime de fato. Era trabalhoso demais planejar algo para não concluir, e eu passei a vida inteira esperando uma "desculpa" razoável para começar a matar. Bem, essa desculpa veio no dia das mães, quando aquele cara endoidou e matou várias pessoas no shopping. As cenas do pós-massacre transmitidas pela TV fizeram meu instinto explodir, eu não poderia mais me esconder debaixo dessa pose de boa moça, mas eu também não poderia sair escolhendo vítimas ao acaso. Uma mente feminina deveria fazer um trabalho mais "sensual" e detalhado.
Não digo que aquele cara me inspirou, afinal, o trabalho dele foi medíocre, atirar a esmo em uma multidão, há!, qualquer pessoa pode perder a cabeça e fazer uma merda dessas! Ser um assassino de "qualidade" é muito mais complicado e gratificante, e eu estava disposta à provar que psicopatas femininas nunca são pegas.
Eu precisava que minha primeira vítima fosse alguém com visibilidade, status, para que meu trabalho chamasse atenção. Não demorou muito para que eu a encontrasse, já que todos os canais estavam falando do tal "Francisco Verat", um famoso especialista em cirurgias cardíacas que cometeu o maior erro da sua vida ao salvar o "monstro tatuado". Sorte minha.
Comecei a estudá-lo de perto. Ele era só um velho safado e gordo que vivia metido em escândalos envolvendo traição e álcool. Não seria difícil para uma mulher atraente como eu se aproximar e ganhar sua confiança.
Pensei mais alguns dias em como o mataria e resolvi agir.
Forjei alguns documentos falsos e consegui uma consulta com o porco rosado. Vesti uma camisa branca aberta o suficiente para que meu sutiã vermelho fosse notado e fui até o consultório particular dele.
Na sala de espera, uma recepcionista com cara de quem não trepava há algum tempo me olhava como se eu fosse uma vadia, mas não liguei, afinal era exatamente essa a intenção.
Alguns minutos se passaram e com um sorriso de poliuretano ela disse "pode entrar, ele está esperando".
Abri a porta e o vi o monte de banha sentado, com o bigode imundo e um sorriso de babaca estampado na face redonda. A cena me enojou, mas eu precisava manter o sorriso para que ele caísse no meu papo.
Logo de cara eu disse que não estava doente e que havia ido até lá só para convidá-lo para jantar.
O velho deu uma risada medonha e quase se afogou na própria baba. Com uma voz de rádio quebrado ele respondeu "tudo bem, desde que eu escolha o lugar e pague a conta". Pelo menos isso, pensei comigo, só faltava além de repugnante, ser pão duro.
Voltei para casa e aguardei com uma paciência que nunca tive até a hora de começar a me arrumar. Escolhi meu vestido mais provocante e um par de sapatos que faria qualquer adolescente com ejaculação precoce se molhar todo. Eu estava pronta, só faltava o batom, eu não poderia me esquecer do batom.
9 horas da noite, peguei um táxi e fui até o restaurante escolhido. Uma espelunca que servia comida japonesa de qualidade duvidosa. É, o filho da puta era pão duro.
O maldito jantar durou uma eternidade, tive que fazer uma força descomunal para manter a pose sexy perante aquele leitão, e fazer cara de "estou adorando" enquanto ele só falava de quanto dinheiro tinha.
Comi toda a comida numa velocidade incrível, só para que aquela tortura acabasse logo, e foi então que ele soltou a deliciosa frase : eu tenho um sítio não muito longe daqui, gostaria de ir pra lá?
Aquilo era perfeito. Eu poderia fazê-lo gritar como uma puta e ninguém iria ouvir. Com um sedutor sorriso eu disse "o que estamos esperando"?
Mais meia hora dentro do carro até chegar ao local, me esquivando como podia das mãos roliças do safado, mas meu coração deu um pulo de felicidade quando chegamos, o lugar era deserto! Perfeito!
Fomos para um quarto afastado da casa com aspecto um pouco abandonada, parecia que ninguém estivera ali em um bom tempo. Ótimo.
Ele sentou na cama e foi abrindo a camisa, me segurei para não vomitar todo o salmão que havia comido. Tirei dois pares de algemas da minha bolsa e disse "quero fazer coisas selvagens hoje"
Ele sorriu como uma criança. O algemei na forte cama de metal e amarrei os pés com suas próprias roupas.
Tirei meu vestido e fiquei só de lingerie, acendi um cigarro e me aproximava lentamente. Ele babava como um são bernardo esperando que meu corpo quente o tocasse. Peguei o cigarro e enfiei em um dos seus olhos. Ele deu um urro que levantaria até os mortos. Caí na gargalhada enquanto ele desferia uma torrente de palavrões. Fui até minha bolsa e peguei uma faca que até o próprio Rambo temeria. Me aproximei, arranquei uma de suas bolas e a esmaguei com o salto do sapato. Ele suava, berrava como uma vaca, mas não me perguntava porque eu estava fazendo aquilo, acho que no fundo ele sabia a razão. É isso que se ganha por salvar pessoas más.
Fiquei de saco cheio de seus gritos. Tirei minha calcinha e enfiei na boca fétida dele. Eu precisava de silêncio para trabalhar.
Pensei em cortar parte por parte dele ainda vivo, mas eu não conseguiria desmembrá-lo só com a minha faca. Resolvi dar uma volta pela casa para ver se encontrava alguma coisa que pudesse usar, algo bem cortante. Estava quase desistindo quando resolvi abrir uma porta velha, e qual foi minha surpresa ao abri-la? Um lindo machado reluzente perdido em meio à várias ferramentas, algumas até interessantes para uma boa tortura, mas eu queria terminar rápido, o cheiro daquele lugar estava me irritando.
O olho bom dele quase saltou do rosto ao me ver entrando com o machado no quarto, e se engasgava tentando gritar com minha calcinha enfiada na boca. Despedaçar uma pessoa com um machado em uma cama não é fácil, mas está aí um truque bem interessante:
Quebrei uma pequena mesa que estava no quarto, peguei um bom pedaço do seu tampo e coloquei sob um dos braços dele. Pronto.
Foi necessário só um golpe para decepar o braço que caiu como um monte de merda no chão. O sangue jorrava e minhas gargalhadas ecoavam pela casa. O filho da puta apagou, acho que ele entrou em choque. Eu não poderia concluir o serviço com ele apagado. Fui até a cozinha e abri a geladeira para ver se encontrava alguma coisa que pudesse acordá-lo. Havia muita comida estragada e uma garrafa de vodka pela metade, pensei que se ela não o acordasse, pelo menos eu poderia beber um pouco.
Joguei vodka na cara dele, fiz ele inalar e nada. Continuou apagado. Fiquei frustrada, mas iria terminar de qualquer maneira. Peguei o pedaço de mesa e coloquei sob o outro braço, que também foi facilmente arrancado. Sentei no chão para fumar um cigarro e pensar no que faria agora. Sentar no carpete sem calcinha é uma sensação realmente boa. O filho da puta não podia ter apagado! todo o sofrimento que eu lhe causar agora será inútil, ele não vai sentir nada! eu não deveria ter começado arrancando os braços...
Meu celular tocou, era uma mensagem do meu namorado. Aquele filho da mãe esquisito realmente sabe me fazer sorrir. Eu estava cansada, queria ir para casa e ter algum sexo decente. Peguei meu batom e escrevi no peito do que restou do bolo fofo que ainda respirava "com amor, Nina".
Joguei o cigarro e levantei o machado, foram necessários 3 golpes para separar a cabeça do corpo. O sangue nojento espirrou por todo o meu corpo. Ótimo, pensei comigo, vou ter que me lavar antes de sair daqui. A cabeça rolou pelo quarto e tive que procurá-la debaixo dos móveis para recuperar minha calcinha agora inutilizável. Limpei todas as digitais e provas do lugar, peguei um anel do cretino como suvenir, entrei no carro dele, dirigi até um lugar em que pudesse abandoná-lo e pegar um ônibus sem levantar suspeitas.
Exausta, abro a porta do meu apartamento e me jogo no confortável sofá de couro. O Little Girl Blue nunca sai do meu velho toca discos. Acendo um cigarro pra pensar no que acabei de fazer...


Feeling Good? The Bad.

2 comentários:

  1. Diz q assasinas femininas preferem meios mais "limpos" de matar. Veneno, asfixia, modos q não façam sujeira, pra poupar quem tiver q limpar. Essa sua é excessão...

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    1. Pode até ser, mas acho que não teria a menor graça uma serial killer que apenas envenena pessoas.

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