quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nunca saia com quem não conhece.

Mais um encontro as cegas. Sem conhecê-lo profundamente resolvi sair com ele, era bem interessante, bebemos alguma coisa, pelo menos ele achou que eu havia bebido a droga que havia colocado em meu copo, então fingi estar afetada.
Me levou a uma casa de swing. Já que estava lá e com muita sede de sangue, entrei no jogo, haviam três pessoas além de mim lá, um grandalhão que podia ser uma mistura de motoqueiro com caminhoneiro com roupas de couro pretas como a garota que o acompanhava e o meu "amigo".
A garota com a roupa de couro trocaria de parceiro comigo. As paredes eram revestidas com bonitos tecidos claros como se fossem cortinas. Aquele homem entrou sentindo-se o máximo, parecia um porco gordo, e foi chegando mais perto.
Tinha pego meu canivete enquanto estava sozinha no quarto e estava em baixo do travesseiro. Ele nem percebeu a hora que o acertei pela primeira vez, em baixo do braço, o som era estridente e ninguém pode ouvir o grito dele quando retirei a lâmina, ele caiu para o lado, facilitando para mim. um corte no garganta e pronto, ficou ali escorrendo sangue e agonizando por um tempo.
A parceira dele entrou alguns minutos depois, viu primeiro o corpo dele ensanguentado sobre a cama e ao virar eu estava logo atras, ela era agitada e tentou me bater, acertei seu nariz com o cotovelo, ela ficou aturdida, empurrei e ela que acabou caindo em cima dele. Abri sua barriga com um corte de cima abaixo e outro de lado a lado, ela não demoraria muito a morrer porque cortei também alguns de seus órgãos.
Era a vez de meu "amigo". Ele estava deitado no outro quarto fumando tranquilo quando entrei. Antes me vestiram com umas roupas brancas que incluíam luvas, que agora estavam vermelhas por causa do sangue. Me olhou incrédulo, apavorado.
Eu sorri.
Sentia o cheiro do seu medo misturado com o cheiro do sangue dos outros.
Ele estava sem reação, amarrei-o nas cordas que estavam presas nos quatro cantos da cama. Ele gritava, pedia desculpas. Eu não queria desculpas, eu queria sangue. O sangue dele.
A casa era do casal morto, descobri por umas fotos espalhadas pela casa enquanto fui beber um gole de água. Voltei para o quarto e ele estava lá todo indefeso amarrado na cama gritando apavorado. Cortei seus pulsos, ele iria ver sua vida escorrendo. Assisti seus gritos por aproximadamente mais dois minutos. Tomei um banho, vesti uma roupa dela porque não encontrei as minhas, tínhamos o mesmo manequim, peguei minha bolsa, os computadores e todos os celulares, com o carro do 'meu parceiro' fui até a casa dele pegar seu computador, depois deixei o carro em uma rua escura, limpei os dados dos celulares e dos computadores e queimei os chips. Sem olhar para trás.
Nunca saia com quem não conhece, a pessoa pode ser pior que você.

Mais uma confissão, beijos e abraços...

The Sweet.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Berlin, 30 de maio de 1952

Noite chuvosa de sexta-feira. Eu aceitei o convite mesmo sabendo que as chances de sair vivo eram mínimas. Coloquei minhas roupas menos esfarrapadas, peguei meu chapéu e saí pelas ruas tomadas por uma chuva chata e constante. As tentativas de acender um cigarro sem que ele fosse atingido pela água eram inúteis, desisti. Os letreiros de neon falhando e os bêbados resmungando coisas pelos becos me diziam que aquele seria um bom dia para morrer, parecido com tudo que vivi; cinzento e chato.
A mente humana não levanta pela manhã achando que aquele é o último dia de sua vida. Isso é quase uma maldição, impedindo que as pessoas façam tudo o que realmente desejam. Essa era a única maldição que durante 36 anos eu desejei possuir, para talvez ter feito tudo o que quis ao invés de vender minha alma por um preço tão baixo. Não importava, era tarde demais mesmo. Cheguei ao lugar onde minha mente já esteve tantas vezes. Era uma casa velha, de dois andares e um sótão; no primeiro funcionava um prostíbulo infame que  frequentei por algum tempo, cheio de mulheres acabadas carregando garrafas de gin que ganhavam dos militares. No segundo andar ficavam algumas camas velhas, para que as prostitutas pudessem exercer sua profissão com o mínimo de conforto. Não havia nada demais ali. Nada que eu já não tivesse enjoado de reparar ou de escrever baboseiras sobre, mas havia o sótão, e aquele lugar me intrigava mais do que pensar em como as pessoas do lado oriental estavam se virando. Eu havia estado aqui quase uma centena de vezes me divertindo com as histórias de uma prostituta chamada Alena. Ela me contava coisas que ouvia aqui e ali, às vezes algumas informações relevantes, outras somente boatos sobre alguém do alto comando ter se deitado com alguém. Certa vez durante uma conversa dessas, perguntei sobre o que havia no último andar, o desconhecido que habitava aquele lugar me intrigava demais, e a resposta que ela me deu só fez minha curiosidade aumentar: "É o quarto da única mulher que não fica aqui em baixo com as outras, porque digamos que ela faz trabalhos especiais". Perguntei que tipo de trabalhos especiais necessariamente ela realizava e se podia subir até lá vê-la. Alena fechou a cara de uma forma que eu nunca havia visto e disse : "Você só pode entrar se receber uma carta com o nome dela, e desde já aviso, se você receber a carta e aceitar o convite, só venha se estiver disposto a dizer adeus à sua vida". A resposta foi quase um soco na cara. Eu já havia bebido demais e decidi ir para casa naquele dia. Duas semanas depois o rapaz dos correios me entregou um envelope roxo, com um símbolo colado, lacrando-o completamente. Havia um nome estampado perto do símbolo, mas alguma coisa havia pingado sobre ele, tornando-o ilegível. Subi para meu quarto tomado de ansiedade. Em toda a minha vida só havia recebido uma carta, e era a que informava a morte de minha mãe em Marselha nove anos atrás. Abri o envelope, dentro um pequeno pedaço de papel com meu nome e a seguinte frase "a porta estará aberta. terceiro andar, você sabe onde é".
Fiquei extremamente intrigado, pois sabia que a carta era da tal mulher do terceiro andar, mas como ela sabia meu nome e meu endereço?  Nem mesmo Alena sabia coisa alguma a meu respeito, e a frase aterradora "...dizer adeus à sua vida" me revirou o estômago. Pensei por algumas horas se deveria aceitar o convite. Fiquei analisando toda a minha vida, e não encontrei nada que me impedisse de dizer adeus à ela naquela noite.
Cheguei até a porta do famigerado "Kneipe von den Huren" e fui logo correndo para o terceiro andar. eu estava ensopado, tossindo como um cão velho. Fiquei parado um instante perante a bela porta vermelha, me perguntando se realmente era dali que o convite havia vindo. Empurrei devagar a porta e me deparei com um lugar incrível; Um pequeno quarto quase escuro, iluminado por um abajur  piscante. No canto uma cama muito bem arrumada, e ao lado da cama uma poltrona vermelha completamente destruída, com as espumas à mostra. Bem no centro de tudo isso, quase intocável pelas teias de aranha velhas que pendiam do teto, a mulher mais linda que meus olhos bêbados já viram. Ela era alta, usava uma linda lingerie vermelha, com meias presas por uma fita preta em formato de laço de cada lado. Meu coração quase parou.
Sem dizer nenhuma palavra ela tirou toda a minha roupa e me arremessou no sofá. Um pedaço de ferro solto arranhou minhas costas e comecei a sangrar. Ela se sentou no meu colo e disse: "Obrigado por aceitar o convite, isso quer dizer que não há mais nada a perder, não é?"
Não consegui responder. Apenas perguntei quais eram os tais trabalhos especiais que ela realizava, e a resposta dela encheu meu peito de agonia:
"Eu sou a solução para os jovens desesperados dessa nação caótica. Sou a encarregada direta de torná-los imortais, e a melhor forma de tornar uma pessoa imortal é dando à ela uma morte memorável. Eu sei muito bem que é justamente isso que você veio buscar aqui, e prometo não desapontá-lo."
Fiquei em silêncio, Não havia nada a ser dito. Era como se ela tivesse atravessado o meu crânio e roubado meus pensamentos, e eu sorri, por ser a primeira vez que alguém conseguiu ver através dos meus olhos.
Ela me beijou e fomos para a cama, com uma sensação de desmoronamento interno, sem prestar atenção em mais nada, nem mesmo as goteiras que caíam sobre o meu rosto existiam mais. O meu corpo se uniu ao dela num calor imensurável, com gemidos e arranhões por todos os lados. Duas almas gritando por liberdade em uma única voz. Ela parou e sem sair de cima de mim perguntou : "Como quer que seja?"
Com as fitas pretas, respondi.
Ela desfez os lindos laços, primeiro o da perna esquerda, depois o da direita. Amarrou os dois pedaços com um nó, e enrolou a fita em meu pescoço. Com o sorriso mais puro que meus olhos já viram ela sussurrou:
"Bem vindo à imortalidade".
Ela apoiou o joelho em meu peito, enrolou as duas pontas da fita nos punhos e puxou com uma força descomunal para o corpo perfeitamente feminino. Eu comecei a sentir o ar sumir de meus pulmões, os olhos ardendo com as explosões dos pequenos vasos sanguíneos e a vista embaçando. Me esforcei para reparar mais uma vez no rosto daquele anjo antes que meu coração parasse. Acabei morrendo com os olhos abertos, vendo a mulher mais perfeita de toda a Alemanha arrancar a vida do meu corpo apenas com as mãos.
Valeu a pena.


Sendo sexualmente enforcado na cabeça de alguém
The Bad





sábado, 16 de junho de 2012

Harakiri

da forma mais digna
convidei a morte para fartar-se
em meu sangue
doce
escorrendo lentamente
em sua cor mais viva
ainda pulsante
em tom tão vivo
quanto meu coração
ainda bombeando
inocente e bobo
que não para de bater
não lhe foi dito
que deveria parar

minha honra!
sinto as lágrimas
de quem não entendeu
elas escorrem e queimam

essa sangria está acabando
as vestes estão vermelhas
estou ficando esgotada
olho para meu sangue
novamente
friamente
calmamente
acabou
e a honra da família
foi restaurada.

"vou cometer harakiri, mesmo sabendo que neste momento você ri."


ainda sem honraThe Sweet

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A liberdade de Bia

Bia era uma garota, quase como todas as outras. Linda, cheia de atitude e inteligente. Era educada e se portava como uma dama em ocasiões que cobravam tal postura. Cursava o 3° ano da faculdade de enfermagem, sempre com notas exemplares e elogiados trabalhos. Tinha pequenos atritos com a família, mas nada para ser considerado como um problema grave. Porém, como eu disse, Bia era "quase" como todas as outras. Este "quase" era um pequeno detalhe, mas um pequeno detalhe que a tornava extremamente rara. Bia tinha ambições e gostos muito diferentes dos das outras pessoas, e isso, nessa altura, começou a irritá-la. Ela andava deprimida. Não suportava mais as pessoas ao seu redor, vivia achando que tudo não passava de uma mentira eterna, e se recusava a aceitar que seu destino estava preso à uma cidade onde tudo morre antes mesmo de nascer. Bia queria a liberdade, mas uma liberdade que desconhecia e que não sabia onde encontrar. Estava completamente inerte dentro do seu próprio mundo. Resolveu tomar um porre de vodka barata para descobrir se conseguia sentir alguma coisa, qualquer coisa que fosse, além do vazio.
Talvez Bia não saiba, mas foi justamente esse porre que a trouxe a vida. No dia seguinte à bebedeira, a ressaca gritava aos seus ouvidos tudo o que deveria fazer, nos mínimos detalhes. Naquela manhã, Bia não se levantou, Ficou na cama pensando. Decidiu que aquele seria o dia onde tudo teria um fim, e o dia em que finalmente encontraria a liberdade. Limpou a pequena casa onde vivia sozinha, alimentou os gatos, lavou a louça e organizou as roupas nas gavetas. Perto das 6 da tarde tomou um banho e colocou sua roupa mais provocante. A caminhada até o bar foi torturante. Cheia de dúvidas e questionamentos que nem ela sabia que tinha. Sentou-se numa mesa do canto, sozinha, para poder observar bem quem seria seu parceiro aquela noite. Bia sabia que era linda, e sabia muito bem usar suas curvas a seu favor. Olhou por cima dos ombros procurando um cara qualquer. Não era muito importante, desde que pelo menos, tivesse um assunto que ela não precisasse muito fingir estar interessada. Bastou uma segunda olhada para ela encontrar o escolhido. Era um cara, desses qualquer, que perambula por ai. Bia tinha um sorriso encantador, e não demorou muito para o cara esquecer do que estava falando e aceitar o convite para ir a casa dela.
Bia abriu a porta do detestável apartamento e de cara jogou o rapaz na cama. Em alto e bom som ela disse que estavam ali apenas para transar, e com um sorriso meio cruel ela falou : espero que seja bom.
E eles transaram, transaram como se aquela fosse a última noite da terra, e se bem que na cabeça de Bia, aquela seria mesmo a última vez. Depois de um longo tempo, Bia se cansou de brincar. Achava que era a hora de fazer o que deveria ser feito, e olhando nos olhos do rapaz deitado ao seu lado, sentiu um pouco de pena. Ela deu um beijo na testa suada do rapaz e foi para a cozinha. Encheu duas taças com vinho, mas dentro de uma delas colocou um pote inteiro de sonífero. Desnecessário dizer para quem era a taça batizada.
Voltou para a cama, tomaram o vinho e ficaram jogando conversa fora até o cara apagar completamente. Não demorou muito. Bia se levantou, e começou os preparativos para sua maior farsa, a farsa que traria a liberdade. Ela foi até o guarda roupas e retirou um grande saco plástico, que continha os pedaços de uma amiga que havia matado na noite anterior. Seis pedaços, disformes, sem contar a cabeça. Espalhou os membros amputados de forma aleatória pelo quarto, deixando a cabeça de sua amada amiga morta entre as pernas ainda nuas do cara adormecido. Foi até a geladeira e retirou duas bolsas de sangue, uma contendo o seu próprio, e outra contendo o da amiga, retirado enquanto ela ainda estava viva. Estourou as duas bolsas e espalhou o sangue por toda a casa, para que ela parecesse um cenário de filme de horror. bagunçou um pouco os móveis, quebrou alguns pratos, pegou todo o dinheiro disponível e saiu, sem olhar para trás. Bia caminhou pelas ruas até chegar a um ponto de táxi sem movimento, chamou um carro e deu a rodoviária da cidade como destino. Na plataforma esperando o ônibus que a levaria para longe daquela maldita cidade, Bia pensou em como encaixaria a última peça do quebra-cabeças que havia criado, mas isso também não foi um problema. Foi até um telefone público e ligou para a policia, sabia que a ligação era anônima, então não se preocupou muito, apenas disse que havia visto pela janela do apartamento um homem esfaqueando duas mulheres, e deu o endereço de sua casa como sendo o local do crime. Pronto, estava feito, ela era oficialmente uma vítima de homicídio.
E foi assim que Bia conseguiu sua tão sonhada liberdade. Rindo meses depois, ao ver em um jornal qualquer que as buscas pelo seu corpo desaparecido haviam sido encerradas.
Toda liberdade precisa de uma vítima.







Caos, ódio e assassinatos para todos;
The Bad.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Em algum lugar de Curitiba


O rapaz leu ''Uma vela para Dario'' do famoso cara obscuro Dalton Trevisan, mas não acreditava que em sua cidade ''farpa-de-Europa'' as pessoas seriam tão indiferentes com um homem jogado na rua, por isso pôs o seu terninho e montou na bike e foi procurar algum lugar para testar na pele a sensibilidade curitibana.
Assim que o adolescente barbudo chegou próximo ao Círculo Militar, que situava-se a duas quadras de sua casa, resolveu acorrentar sua bicicleta numa placa, fumou um joints e andou pela calçada até chegar no muro do Colégio Estadual do Paraná (lugar pouco movimentado---burro!---) e se jogar por alí. Eram quase 17:00 hrs, domingo, não havia muita gente ali, não era o local ideal pra fazer todo um estardalhaço como no conto do Trevisan. Os pouquíssimos esportistas amadores que passavam pelo interior do Passeio Público achavam que se tratava de um piá bebâdo, até porque o idiota não sabia nem disfarçar, pois dava para ver de longe sua respiração e de vez em quando ele se coçava. Depois de um tempo no chão, ele acabou dormindo---eiiita sono ruim, no cimento frio, coisa que nem um pseudo-comunista aprecia depois de quase 1 hora nesse estado---. Ele acordava a cada 10 minutos e voltava a dormir. Foi numa dessas acordadas que decidiu ir embora, se apoiou na parede para levantar e bem nesse momento, um cara grande, cabeludo, barbudão e fortão o derruba e monta encima dele! Após segurar as mãos do moleque contra a calçada, ele lhe dá fortes cabeçadas e morde ferozmente seu nariz arrancando boa parte da cartilagem da ponta do mesmo. O adolescente gritava desesperado, até que o grandalhão se levantou e pisou com força em sua mandíbula que fez um ''creck'' e o deixou paralisado. O rapaz não conseguia perceber muita coisa, estava realmente em choque. Aquele homem monstruoso que fedia carniça o arrastou para o meio do Passeio Público, onde ficou raspando sem parar sua cara no asfalto do parque, descascando sua pele facial e acabando de vez com o nariz.
O rapaz acordou, estava sozinho, todo sujo de barro e sangue e vestido só com a cueca, que estava arriada para abaixo dos joelhos. Se encontrava ainda dentro do parque que não havia sido fechado ainda, próximo à saída do lado da rua João Gualberto, foi trabalhoso e dolorido se levantar, saía sangue do seu cú toda vez que ele mexia a perna -não quero imaginar o que diabos entrou alí-. Ele ergueu a cueca, se locomoveu tipicamente como alguém que acabara de tomar feio no cú, com as pernas abertas, dando um passo demorado de cada vez. Sua cara estava inchada, estava irreconhecível em todos os aspectos, até seus cabelos foram arrancados! E o olho esquerdo já nem aparecia por causa do inchaço. Foi se apoiando nos muros, fazendo o caminho devolta para casa, passou pela bicicleta, mas nem deu bola para ela(não estava em condições). Depois de mais ou menos meia hora, chegou em seu prédio, mas não tinha mais as chaves, aliás, não tinha mais nada, nem ao menos identidade física, então, tocou o interfone de seu ap, o porteiro o mandou embora, sua mãe atendeu, olhando pela camera dos portões à qual todos os moradores têm acesso, e levou um puta susto, ela não o reconheceu, ele não conseguia fazer nada mais do que sussurrar com a mandíbula detonada. Ela achou que fosse um viciado grotesco e tudo o que fez foi comentar com seu marido algo como: ''olha o tipo desse cara aí fora, e nosso filho ainda tá na rua!”. O porteiro chamou a polícia, mas não foi preciso, guardas municipais que passavam por ali, cercaram e arrebentaram mais ainda o rapaz inchado que insistia em se agarrar ao portão de seu predio desesperadamente. Após a surra, o colocaram na viatura e levaram-no à delegacia, antes de jogá-lo na cela, um dos guardas por sacanagem, disse para todos os presos ouvirem: ''ESSE É DUKE!!''(estuprador na cadeia). Assim que entrou na cela, foi novamente espancado e em seguida foi feito de ''mulherzinha'', foi ininterruptamente estuprado(eram mais de 30 homens) e feito de cinzeiro, um dos cigarros foi apagado em seu olho direito.
Uma semana depois, foi dado como desaparecido. Sua bicicleta foi recolhida. Ninguém tinha ideia de onde ele estava, mas só se sabe, através
deste texto, que ele está sendo maltratado por gente de Curitiba, em algum lugar de Curitiba.





The Good.

sábado, 28 de abril de 2012

Manuscrito encontrado sobre o colchonete

      Sempre fui um cara calmo, dificilmente conseguiriam me tirar do sério. Na escola, sempre fui o tipo de cara que apaziguava as brigas, nunca me envolvia nelas. Talvez a raiva seja acumulativa, pois o que aconteceu comigo naquele dia não tem nada a ver com minha personalidade.
      Estava saindo do trabalho, num dia nublado e desgraçadamente gelado. Acabara de ter um dia estressante, e minha cara fechada mostrava isso. Estava vestindo minha habitual jaqueta de couro e meus coturnos militares, vestuário adequado do tipo de pessoa que procura evitar conversas desnecessárias. Caminhando de fones de ouvido, ao som de Annihilator, pensando na vida e na morte, até que resolvo passar em frente a antiga estação de trem desativada, agora ponto de encontro de junkies e adolescentes pseudo-perigosos. Pessoas andando de skate, outras fumando maconha, bebendo, conversando aos gritos. Em algum lugar no meio do pessoal tinha alguém com um violão, atraindo a atenção daqueles que passavam tocando todo tipo de clichê do rock nacional. Cena comum.
      Mais a frente, me deparo com um grupo de pessoas, com 14 anos de idade em média, bebendo coisas quase-não-alcoólicas, e agindo como completos idiotas. Algumas menininhas de cabelo desfiado e moleques com franja no rosto, com skates debaixo do braço e conversando como piratas bêbados, como se fosse a coisa mais linda do mundo.Nunca gostei muito desses tipinhos, rebeldes sem nenhuma razão, do tipo que sai pra tomar Smirnoff e tem que chegar em casa as 8 pro jantar. Tipicamente um bando de crianças tentando ser descoladas.
     Apesar de não gostar dessa parcela de pessoas que frequentava a estação, sempre passava e não me incomodava. Tento ser o mais justo possível no que faço,e a minha visão de justiça nesse caso, era que se eles não mexessem comigo, eu também não tinha motivos pra atrapalhar suas cenas vergonhosas. Pois bem.
      Nesse dia, passava tranquilamente, até que um dos membros desse grupinho resolve mexer comigo. Provavelmente queria se autoafirmar na frente das garotinhas que ali estavam e, já bastante alterado pelo líquido que bebia, vem cambaleando para perto de mim, me olhando nos olhos. Estava com um skate na mão. Jogou o skate no chão e subiu em cima, e continuou vindo pra perto de mim, sempre me olhando nos olhos. Quando estava bem perto, levantou a mão e apontou o dedo pro meu rosto. Ele não devia ter feito isso.
      Não sei que força estranha se apoderou de mim. No momento que ele ergueu a mão, já peguei em seu pulso, e puxei. Como estava tonto, não ofereceu resistência à queda, e caiu com a testa no chão, desmaiado. Mas pra mim não foi o bastante. Aquela energia esquisita me fazia querer mais que aquilo, e enquanto os outros adolescentes olhavam atônitos, comecei a pisotear a cabeça do moleque desmaiado. Logo na primeira, o rastro do meu coturno ficou estampado em seu rosto, mas não acordou. Continuei pisoteando, sentindo a fúria acumulada por anos, finalmente fluindo. Os outros que ali estavam simplesmente não reagiram, simplesmente acharam a cena inesperada demais pra tomar alguma atitude. Pisoteei cada vez mais forte, até que começou a sangrar. Os olhos do moleque agora já estavam abertos, esbugalhados, quase saltando das órbitas. Não parei. Continuei, e de novo, e de novo, até que ouvi um estalar. Estava partindo a cabeça do sujeito inerte, enquanto algumas garotinhas que ali estavam começavam a vomitar. Outras choravam. Os meninos olhavam simplesmente sem entender, enquanto eu esmagava a cabeça do companheiro deles com meu coturno. Transformei a órbita craniana do moleque numa uva passa.
      Então, recuperando o controle, olhei em volta, pro rosto de cada um deles. Alguns haviam desmaiado também,não suportando ver a cena. Outros choravam. Alguns entraram em convulsões, outros vomitavam. O fato é que nenhum deles sequer falou comigo, ou investiu contra mim. Então, calmamente, saí da poça de sangue que havia se formado, caminhando tranquilamente, deixando pegadas de sangue. Sensação indescritível.
    E hoje é meu último dia nessa maldita cela. Daqui a pouco chegam os doutores, com a injeção letal. Só queria descrever o que aconteceu de meu ponto de vista. Sei que o que fiz foi uma monstruosidade e não sou inocente, mas agora eu pergunto: existe alguém inocente nesse mundo?


Procrastinando, The Bones

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Lâmina afiada.


  Estúpida, ranzinza e amargurada, quem sentiria sua falta?
  Sendo desse jeito, devia morar sozinha há anos, porque o homem precisaria que ter muita raça pra aguentar aquela coisa (não pode ser chamada de mulher , é coisa mesmo). Morando sozinha ou não eu queria matar ela na sua própria casa. Uma casa simples, limpa e arrumada. Enjoada como era não poderia se esperar menos.
  A observei por cinco dias, era o suficiente, pois ela seguia a rotina à risca, metódica e previsível. Não tinha animais de estimação nem porta retratos. Saía da universidade pouco depois das dez, então, segui a bruxa do 71 até sua casa.
  Dessa vez estava fazendo tudo diferente dos outros assassinatos (a palavra assassinato não lhe é agradável? eu gosto dela): iria matá-la em sua casa, não queria que ela me visse, seria rápida e usaria luvas. Descobri as luvas cirúrgicas esses dias e achei realmente divertido usá-las, principalmente quando são molhadas, sério, a sensação é maravilhosa. Fiquei imaginando o sangue nas luvas até decidir como fazer.
  Coloquei um capuz daqueles que só deixam os olhos de fora e as luvas. Esperei que ela abrisse a porta para entrar. A rua era deserta e ninguém nos viu, ela não me viu. Pessoas que se acham donas da razão normalmente não olham para os lados, andam com o nariz empinado, ela foi assim.
  Quando destrancou e abriu a porta dei um chute nas suas costas e ela caiu de cara no chão. Fechei a porta e vi que ela havia desmaiado, seria mais fácil ainda assim, levei-a para sua cama. No dia anterior eu havia afiado meu canivete, fiel escudeiro, e o corte foi fácil.
  Fiz um corte de lado a lado no seu pescoço, o cheiro do sangue era forte e molhei minhas mãos nele (extremamente prazeroso). Continuei a aprofundar o corte, até chegar a sua coluna cervical. Encaixei o canivete entre uma vértebra e outra e arranquei sua cabeça. Não sei o que era mais pesado nela, a arrogância ou a impertinência.
  Joguei sua cabeça ainda com ódio no vaso sanitário. O corpo deixei na cama. Tirei minhas roupas as luvas e o capuz e coloquei para queimar na pia do banheiro. Vesti-me com o que havia trazido na mochila e coloquei outras luvas para sair sem deixar digitais.

Mais um desabafo de The Sweet.