segunda-feira, 4 de junho de 2012

Em algum lugar de Curitiba


O rapaz leu ''Uma vela para Dario'' do famoso cara obscuro Dalton Trevisan, mas não acreditava que em sua cidade ''farpa-de-Europa'' as pessoas seriam tão indiferentes com um homem jogado na rua, por isso pôs o seu terninho e montou na bike e foi procurar algum lugar para testar na pele a sensibilidade curitibana.
Assim que o adolescente barbudo chegou próximo ao Círculo Militar, que situava-se a duas quadras de sua casa, resolveu acorrentar sua bicicleta numa placa, fumou um joints e andou pela calçada até chegar no muro do Colégio Estadual do Paraná (lugar pouco movimentado---burro!---) e se jogar por alí. Eram quase 17:00 hrs, domingo, não havia muita gente ali, não era o local ideal pra fazer todo um estardalhaço como no conto do Trevisan. Os pouquíssimos esportistas amadores que passavam pelo interior do Passeio Público achavam que se tratava de um piá bebâdo, até porque o idiota não sabia nem disfarçar, pois dava para ver de longe sua respiração e de vez em quando ele se coçava. Depois de um tempo no chão, ele acabou dormindo---eiiita sono ruim, no cimento frio, coisa que nem um pseudo-comunista aprecia depois de quase 1 hora nesse estado---. Ele acordava a cada 10 minutos e voltava a dormir. Foi numa dessas acordadas que decidiu ir embora, se apoiou na parede para levantar e bem nesse momento, um cara grande, cabeludo, barbudão e fortão o derruba e monta encima dele! Após segurar as mãos do moleque contra a calçada, ele lhe dá fortes cabeçadas e morde ferozmente seu nariz arrancando boa parte da cartilagem da ponta do mesmo. O adolescente gritava desesperado, até que o grandalhão se levantou e pisou com força em sua mandíbula que fez um ''creck'' e o deixou paralisado. O rapaz não conseguia perceber muita coisa, estava realmente em choque. Aquele homem monstruoso que fedia carniça o arrastou para o meio do Passeio Público, onde ficou raspando sem parar sua cara no asfalto do parque, descascando sua pele facial e acabando de vez com o nariz.
O rapaz acordou, estava sozinho, todo sujo de barro e sangue e vestido só com a cueca, que estava arriada para abaixo dos joelhos. Se encontrava ainda dentro do parque que não havia sido fechado ainda, próximo à saída do lado da rua João Gualberto, foi trabalhoso e dolorido se levantar, saía sangue do seu cú toda vez que ele mexia a perna -não quero imaginar o que diabos entrou alí-. Ele ergueu a cueca, se locomoveu tipicamente como alguém que acabara de tomar feio no cú, com as pernas abertas, dando um passo demorado de cada vez. Sua cara estava inchada, estava irreconhecível em todos os aspectos, até seus cabelos foram arrancados! E o olho esquerdo já nem aparecia por causa do inchaço. Foi se apoiando nos muros, fazendo o caminho devolta para casa, passou pela bicicleta, mas nem deu bola para ela(não estava em condições). Depois de mais ou menos meia hora, chegou em seu prédio, mas não tinha mais as chaves, aliás, não tinha mais nada, nem ao menos identidade física, então, tocou o interfone de seu ap, o porteiro o mandou embora, sua mãe atendeu, olhando pela camera dos portões à qual todos os moradores têm acesso, e levou um puta susto, ela não o reconheceu, ele não conseguia fazer nada mais do que sussurrar com a mandíbula detonada. Ela achou que fosse um viciado grotesco e tudo o que fez foi comentar com seu marido algo como: ''olha o tipo desse cara aí fora, e nosso filho ainda tá na rua!”. O porteiro chamou a polícia, mas não foi preciso, guardas municipais que passavam por ali, cercaram e arrebentaram mais ainda o rapaz inchado que insistia em se agarrar ao portão de seu predio desesperadamente. Após a surra, o colocaram na viatura e levaram-no à delegacia, antes de jogá-lo na cela, um dos guardas por sacanagem, disse para todos os presos ouvirem: ''ESSE É DUKE!!''(estuprador na cadeia). Assim que entrou na cela, foi novamente espancado e em seguida foi feito de ''mulherzinha'', foi ininterruptamente estuprado(eram mais de 30 homens) e feito de cinzeiro, um dos cigarros foi apagado em seu olho direito.
Uma semana depois, foi dado como desaparecido. Sua bicicleta foi recolhida. Ninguém tinha ideia de onde ele estava, mas só se sabe, através
deste texto, que ele está sendo maltratado por gente de Curitiba, em algum lugar de Curitiba.





The Good.

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